Começo esse post refletindo sobre o medo. Apesar de o Seu Mochilão ser um blog ser de viagens – e prometo tentar me ater à este tema – noto que na maioria das vezes o que nos impede de agir é o medo, seja de ser julgado, de sentir-se solitário, da insegurança e do imprevisível.
Ocorre que todos esses medos são paralisantes e não nos levam a lugar algum. Quando se trata de viagem, literalmente, não nos levam a lugar nenhum.
Não sou expert em pegar minha mochilinha e desbravar o mundo, mas a única coisa que me impede disso atualmente é, basicamente, minha questão financeira. Entretanto, durante anos eu tive que trabalhar minha personalidade, que antes era muito dependente emocionalmente de companhia, para finalmente conseguir agir sem interferência de terceiros.
Acho que na minha busca de autoconhecimento o uso da internet para encontrar posts de incentivo e pessoas com medos similares foi parte relevante do meu processo. Por isso, deixo aqui minhas impressões pessoais e meu desejo para que você, leitor@, talvez com a ajuda desse texto, supere qualquer obstáculo social ou psicológico que lhe impeça de fazer o que quer realmente quer.
Combustível: vulnerabilidade
Acredito que o que mais me ajudou a sair da inércia, não apenas desejando, mas fazendo, foi me permitir ser vulnerável. Quando falamos em vulnerabilidade, normalmente consideramos como algo ruim, atrelado à fraqueza e risco.
Ocorre que não existe nenhum ato de coragem sem vulnerabilidade prévia. Tente pensar em qualquer circunstância que você considerou como um ato de coragem e que não tenha exposto a “pessoa corajosa” à um situação vulnerável e falhe miseravelmente.
Quando você faz coisas sozinh@, você se torna (mais) vulnerável à situações de risco, de momentos de solidão e de julgamentos alheios, ou até mesmo de seus próprios julgamentos. Superadas tais situações, você passa a usufruir da sensação indescritível de independência.
Dê uma chance para você mesm@. Ir sozinh@ de vez em quando ao cinema, ou fazer a tattoo que você quer mesmo que não tenha quem te acompanhe, ou até mesmo parar em algum bar e beber uma cerveja acompanhada de você mesm@ são exemplos de situações que podem ser muito gratificantes, se você abrir a mente e dar essa chance para você.
Nestes contextos hipotéticos, você será o único responsável pela escolha do filme, do bar, da tattoo e do estúdio e não depender da opinião alheia é gratificante. No meu caso, esses impulsos foram essenciais para eu aprender que não dependo de companhia para fazer coisas que gosto, abrindo uma brecha enorme de coragem para que eu viajasse sozinha e, posteriormente, passasse a morar sozinha.
Desmistificando medos
Ok, voltando para a questão de viagens. Um grande medo que tentou, sem sucesso, me paralisar, foi a questão de “não ser seguro” mulher viajar sozinha.
Bom, a não ser que minhas companhias fossem também minhas guarda-costas, viajar com outras pessoas continuaria tendo riscos. Além disso, sempre, em qualquer canto – incluindo a cidade na qual crescemos e vivemos – haverá chances de coisas ruins acontecerem.
De fato, existem situações extremas que requerem companhia. Não recomendo ninguém a, dentre outras situações, saltar de paraquedas pela primeira vez desacompanhada ou estreiar uma trilha de nível difícil sem ninguém.
Mas existem pequenos passos regados a muito bom senso, como pegar um ônibus até a praia mais próxima, ou tentar fazer uma excursão com pessoas desconhecidas, que podem te garantir o experimento sem tantos riscos.
Outro medo que pode ser fatal é a aflição da solidão. Há quem deteste sentir-se sozinho. Ocorre que em qualquer viagem ou passeio que você fizer, haverá outras pessoas para você se comunicar, afastando a sensação de solidão.
No caso de você não gostar de se comunicar, a situação será ótima, já que você não terá obrigação nenhuma de falar com desconhecidos. Se, por outro lado, você quer se comunicar, mas acha que não é bom com isso, será a oportunidade perfeita para você testar suas habilidades de comunicação.
Acredito que a maioria das pessoas vão, por exemplo, para um intercâmbio aprender uma nova língua sem saber a língua, ora. Da mesma forma, você vai para uma viagem para desbravar a comunicação, seja por meio de sua língua ou uma estrangeira, e conseguirá fazer um intercâmbio de ideias com pessoas interessante e que possivelmente tem algo a agregar na sua experiência.
Motivação
Muitas vezes os medos supramencionados servem apenas como desculpas para a falta de motivação de experimentar algo novo. Não acho que posts como este ou vídeos motivacionais funcionem para nos estimular a algo. Acho que motivação é algo interno que só pode ser promovido por nós mesmos e, eventualmente, um material motivacional pode nos dar um manual prévio de como seguir.
Entretanto, se a sua vontade e motivação em viajar for real, mas algum medo te impede de se jogar, se experimente vulnerável. No fim da vida, provavelmente vamos nos arrepender muito mais pelo que não fizemos do que pelo que fizemos.
Comece tentando pequenas coisas sozinh@ e se apaixone por você mesmo. Aprenda sobre o que você gosta e do que não gosta, aprenda a lidar com pessoas e sobreviver a situações inusitadas e não premeditadas.
No final, o saldo será você não se conformar com menos do que é essencial para sua felicidade. Será a liberdade emocional, a independência de companhias, principalmente daquelas que não te fazem tão bem. Será o início de um ato de coragem que vai desencadear em outros tantos durante sua jornada. Aproveite a viagem.
Muito interessante, espero esta publicando minha viajem sozinha aqui!!!
Adorei ler seu artigo, encontrei várias dicas de viagens e lugares fantásticos.
numero da Julia Minegirl