Pico do Papagaio em Aiuruoca – Minas Gerais

O Pico do Papagaio está no município de Aiuruoca, localizado ao sul do estado de Minas Gerais. A pequena cidade possui aproximadamente 6 mil habitantes, mas a área territorial é de 651,8 km². Um dos maiores municípios – em território – de MG.
Aiuruoca está despertando agora para o turismo, ou melhor, para o ecoturismo. Vigiada pelo Pico do Papagaio – a maior atração –, a cidade recebe ainda poucos visitantes, sendo a maioria para a prática do trekking.
O Pico pertence ao circuito de Montanhas Mágicas da Mantiqueira, também inserida no Parque Estadual da Serra do Papagaio e está a 2.100 m de altitude.

---

O Pico do Papagaio

Foi inesperado, recebi o convite 48 horas antes da expedição para o Pico do Papagaio. O grupo já estava composto por 18 pessoas e restava apenas uma vaga: a minha, certamente. Não conhecia ninguém pessoalmente, mas isso não foi problema em nenhum momento. Fui conversando com um aqui e outro ali, quando vi já estava familiarizado. A verdade é que fui muito bem recebido pela galera e isso me deixou confiante e feliz para o trekking. Todos praticamente pertenciam a um grupo filosófico, o que fez a viagem ainda mais interessante. O melhor de viajar assim, “sozinho” é que sempre topamos com pessoas incríveis, dessa vez não foi diferente.

Em Aiuruoca partimos em um pau de arara até o início do Parque Estadual Serra do Papagaio, de cima do caminhão já fomos presenteados com a visão do Pico, bastante imponente por sinal. Notei durante o caminho que alguns expressavam certa ansiedade para iniciar a trilha, mas não por menos, muitas pessoas dali aguardaram meses por aquele momento.

Antes de ingressarmos na trilha ficamos em roda, realizarmos naquele momento uma mentalização e pedimos proteção para que tudo ocorresse bem. E foi dessa maneira que demos início no trekking. Achei bem legal a iniciativa e tudo realmente ocorreu na mais perfeita harmonia.

O trekking do Bico do Papagaio tem aproximadamente 16km (ida e volta) e pode ser feito por várias vias, nós fomos pela trilha do fogão, com início na Cachoeira dos Garcias, que é um dos meios mais fáceis para alcançar o pico. A caminhada é um pouco cansativa, mas a paisagem é compensadora e o clima é sensacional.

O primeiro trecho é bem fácil, são aproximadamente 20 minutos de caminhada até encontrar a bonita cachoeira. Parada ideal para se abastecer de água. Aliás, existem vários pontos na trilha para encher a garrafa ou squeeze. Recipiente 1 litro já é o suficiente para a jornada, mas é necessário abastecer algumas vezes durante o caminho.

A partir deste ponto a trilha começa pra valer, mas não há grande dificuldade. O “ar de trekking” ganha força durante o percurso, o ambiente começa a ficar mais selvagem e a paisagem começa a dar seus primeiros presentes.

Por mais preparado que você esteja para esse trekking, compensa fazer algumas paradas durante a subida. Em determinados pontos a paisagem é surreal e vale a pena dedicar alguns minutos para sentir o ambiente. Você vai gostar.

A trilha é razoavelmente autoguiada, dá para encarar sozinho se você já tiver certa experiência com a prática do trekking, mas o ideal é ir com um guia local, ainda mais se você estiver indo com pessoas inexperientes na atividade. Pra que arriscar, né?

A natureza é bastante generosa durante o percurso, ela dá alguns trechos planos para adquirirmos novo fôlego e continuarmos a subida. É uma trilha maravilhosa.

Logo durante a subida já percebi que o ar dali era puro. Notei fungos vermelhos nas árvores o que sinaliza poluição zero, ou seja, é um bioindicador de ar puro.

Um fato que me chamou bastante à atenção durante esse trekking foi à ausência de animais. Talvez por estar em época de frio – será que eles migram para outro local ? – ou será pela escassez de frutos dessa época? Achem um biólogo, por favor! Essa dúvida ficou no ar. Claro que isso não tirou a beleza do lugar em nenhum momento. É apenas uma observação. Simplesmente posso ter tido o azar de não ter achado nada mesmo, vai saber, não é?!

Já bem próximo à zona de acampamento atingimos o ponto mais alto – não, não é o Pico do Papagaio –, mas sim o Pico do Santuário, que é um aglomerado de pedras (rochas?) que recebe a justa denominação de Santuário, pela beleza escandalosa. Neste ponto estávamos a 2.200 m.

Neste local fizemos uma pausa para contemplar a paisagem, o sol já estava generoso e nossa única tarefa era de admirar o cenário. Cada pessoa sentiu o ambiente à sua maneira, uns subiam nas pedras, outros jogavam conversa fora, alguns simplesmente se aquietaram, como eu fiz.

Um mar de montanhas era o que eu enxergava, os diversos tons de verde se misturavam e nessa coloração indefinida os olhos se perdiam. Não tem como fazer esse trekking para o Pico do Papagaio e deixar de lado as inclinações emocionais, o envolvimento com o lugar é bem intenso.

Encaramos mais uns 40 minutos de trilha até o local de acampamento, que em minha opinião foi um dos pontos altos do trekking. Fiz esse trecho final em uma sintonia perfeita com o ambiente, procurei o silêncio, o ambiente pedia isso. Não atingimos o Pico do Papagaio nesse dia, porque infelizmente não há espaço no Pico para tantas barracas, por isso fizemos o acampamento em uma base próxima, apenas 20 minutos de distância do cume.

Armamos as barracas e presenciamos o perfeito pôr do sol. De noite a temperatura caiu drasticamente, o que era de se esperar. Fizemos trocas de comidas, de bebidas e cada um procurou fazer alguma coisa. Alguns dormiram.

Não quero ser exagerado, mas o céu daquele lugar é surreal e recheado de estrelas. Para quem quiser ver estrela cadente, o Pico do Papagaio é o lugar! Basta deitar na grama e ficar de olhos abertos. É incrível. É mágico. É sensacional.

Na madrugada a sensação térmica atingiu menos alguns graus, sem mentira. Despertamos às 5h30min e notamos “casquinhas de gelo” na barraca, como diz uma amiga. O caminho até o pico é um pouco desgastante e não deve ser feito em jejum e muito menos sem máquina fotográfica.

A paisagem do nascer do sol é de tirar o fôlego, é um momento que aguça os sentidos e te faz pensar em muitas coisas, principalmente as que fazem sentido para a sua vida. No Pico do Papagaio a névoa dá um show à parte, é como ver as nuvens de cima, da janela de um avião. Não consigo verbalizar a sensação que tive. Não tem como descrever. É ir pra sentir!

O caminho de volta é também bastante bonito, mas o da ida supera em determinados pontos. O grau de dificuldade aumenta um pouco, já que tem que prestar muita à atenção na descida, porque grande parte é feita por uma “rampa” um pouco íngreme e requer bastante cuidado. Fora isso, é só alegria. Vale lembrar que é importante estar com as mãos desocupadas durante a descida, isso é fundamental.

A vegetação mudou bastante no regresso, quase não presenciei bromélias, o que era abundante no trajeto de ascensão ao Pico do Papagaio.

A quem se destina:

Afirmo com convicção que o Pico do papagaio não é para qualquer pessoa. Não digo isso pela dificuldade do trekking, realmente não é isso. Ali é um ambiente diferente, não é apenas para fazer uma trilha. Vamos lá, vou ser mais claro:

É para quem procura paz, tranquilidade, respostas e principalmente para quem procura resolver conflitos internos. Sem misticismo algum, mas o Pico do Papagaio tem algo diferente e é reservado para um público seleto.

É um lugar para conhecer e se conhecer. É isso!

 

Quantos dias?

Sem bagagem pesada é possível ir e voltar em 1 dia, mas se você passar pelo menos uma noite no pico vai poder sentir muito mais o ambiente e enxergar tudo de uma maneira muito diferente.

Pretendo voltar para ficar pelo menos 03 dias. Vale a pena passar pelo menos 01 noite acampado.

O que levar:

Barraca (procure levar uma própria para montanhismo);

Saco de dormir para temperatura negativa. O frio de lá não é brincadeira;

Isolante térmico;

Fogareiro – É opcional, mas se der pra levar, leve!. No Parque Estadual da Serra do Papagaio não é permitido fazer fogueiras.

Sacolas de lixo – Indispensável;

Mochilão – De 75 a 90L;

Canivete (opcional);

Cantil/Squeeze de 1litro;

Lanterna.

Roupas:

Calçado de trekking. (Já amaciado);

Calça Tática;

Blusa de Fleece;

Blusa corta vento;

Segunda Pele (no inverno é mais que essencial);

Touca;

Luva;

Camiseta Dry Fit (evite levar de algodão);

Meia de trekking e uma grossa para dormir;

Uma blusa extra não te fará mal, no inverno a temperatura fica negativa na madrugada.

 

Comida (alimentação básica)

Barra de cereal;

Carboidratos – Em gel ou em alimento (pães) – (essencial para o bom desempenho físico, leve-o de alguma maneira);

Glicose (frutas secas ou em gel);

O consumo de amido também é importante, se levar o fogareiro tente fazer um macarrão instantâneo.

 

Itens diversos:

Colírio;

Remédios básicos;

Protetor Solar;

Band-aid.

Como chegar até Aiuruoca?

De carro: De São Paulo para Aiuruoca. A melhor maneira é ir pela rodovia Fernão Dias, no sentido de Caxambu (MG). São aproximadamente 400km de estrada, mas da pra encarar.  

De ônibus: A empresa Cometa faz o trajeto de São Paulo até Caxambu. (Site Viação Cometa).

Valor aproximado: R$ 52,00.

De Caxambu até Aiuruoca a empresa responsável é a Viação Sandra (Site Viação Sandra).

Valor aproximado: R$ 14,00.

Para quem parte de outros estados, o ideal é ir até Juiz de Fora (MG) e de lá pegar um ônibus para Aiuruoca, a empresa que faz a linha é a Viação Santa Cruz (Site Viação Santa Cruz).

Valor aproximado: R$ 41,00.

Pra quem mora no Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a viação Útil faz a linha até Juiz de Fora (Site Viação Útil).

Valor aproximado: R$ 49,00.

De avião: Para quem mora em estados mais distantes, uma boa opção é ir de avião.

O aeroporto mais próximo é o de Juiz de Fora (JDF), 190 Km de Aiuruoca. Veja acima como ir de ônibus Juiz de Fora até Aiuruoca.

 

Hospedagem em Aiuruoca

Talvez você necessite pernoitar em Aiuruoca. Seguem algumas dicas:

Pousada Ajuru

Essa pousada possui transporte para te levar até o início da trilha.

Telefone: (35)3344-1601

Faça sua reserva aqui.

 

Outras hospedagens

Veja as hospedagens em Aiuruoca diretamente no Booking. Clique aqui.

Guia para o Pico do Papagaio – Agência de Turismo Horizonte Vertical.

Fizemos o tour com um guia local e foi bem bacana.

Eles oferecem outras atividades além do trekking. Por exemplo, pra quem curte Rapel, há um ponto bem legal de 45 metros. Enfim, a empresa oferece diversas atividades e você não terá que esquentar a cabeça com nada, nem com o transporte local.

Site: Horizonte Vertical

Guia: Pedro (Pedro@horizontevertical.tur.br)

Telefone: (35) 9983.1062

Valor aproximado por pessoa: R$ 30,00

 

O Pico do Papagaio é um lugar especial e ali as coisas acontecem de uma maneira diferente. A maior dica que posso dar é a seguinte: se permita à experiência. E não se esqueça de olhar para cima, você vai se surpreender. Keep looking up!

Deixo aqui registrado meu agradecimento à Ana Paula pelo convite, à Graci pela companhia durante o trekking e a todos que compartilharam conhecimento e fizeram parte da ascensão ao Pico do Papagaio.

Galera, foi incrível estar com vocês!