Minas Gerais

Nem eira nem beira

No final do mês de junho pisei pela primeira vez em São João Del Rei – MG. Meu objetivo era simples: conhecer o melhor da cidade em 48 horas. Eu consegui. Andei por ruas e becos, observei particularidades do local, visitei museus e presenciei alguns fatos curiosos. O centro histórico de São João Del Rei é recheado de detalhes, e por lá, muitos são mostrados e explicados.

Estudar história sempre foi uma chatice, nunca me senti motivado e atraído por um passado no qual não participei, mas isso caiu por terra a partir do momento que comecei a viajar e a me interessar por cada destino visitado. Sou fissurado em museus e me apaixono logo de cara por acontecimentos marcantes e histórias locais. E foi na viagem a São João Del Rei que conheci a origem da expressão: “Nem eira nem beira”.

Pois bem, esse ditado popular – que ainda é utilizado – foi trazido de Portugal, no período Brasil Colonial. Pra quem não sabe, seu significado se refere às pessoas muito pobres, que não possuem nada e vivem na extrema pobreza. É dito assim: “Fulano não tem eira e nem beira”. Acho que todo mundo já deve ter escutado isso.

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E o que isso tem a ver com São João Del Rei? Uai, tem tudo a ver! Mas não sei dizer se a expressão surgiu em Minas Gerais, mas foi por aquelas bandas que tomei conhecimento do seu significado.

A origem de “Eira e Beira” vem de um estilo arquitetônico, de um detalhe colocado em casas antigas. Essas construções são facilmente encontradas em São João De Rei, mais precisamente nas ruas do centro histórico, cujas fachadas foram tombadas como patrimônio histórico. Nessas construções colocava-se uma espécie de ondulação debaixo do telhado – desculpe-me a pobreza na explicação e a falta do termo técnico. Mas esse detalhe significava muito além de um aspecto decorativo, porque na realidade constituía em informar o nível socioeconômico do proprietário da residência.

Então, quem possuísse somente a eira debaixo do telhado era considerado pobre, mas se tivesse eira e beira era declarado bem de vida. E as casas com eira, beira e tribeira eram de proprietários ricos.

Pois é, ostentação não é um fenômeno social moderno. Interessante, não?

Rafael Kosoniscs

Sou jornalista e publicitário, tenho 36 anos e viajo de mochila nas costas há 12 invernos. Tenho a mochilagem e o montanhismo como paixões. Vou publicar meu primeiro livro este ano – e você já está convidado(a) para o lançamento. Fique de olhos nas redes para não perder, ok? Siga: @seumochilao | @rafaelkosoniscs

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