“Mergulhar era a tarefa que mais me perturbava. Preferia dez dias da pior tempestade a ter que ficar escovando o fundo do barco. Tinha medo. Tubarões têm uma exemplar capacidade de detectar vibrações de baixa frequência, e era exatamente o que eu fazia, de modo lento, passando a escova num vaivém regular e ruidoso.”
Amyr Klink
Cem Dias Entre Céu e Mar é um livro que não se limita a falar sobre aventuras. Na verdade, diz muito mais sobre determinação, planejamento, crescimento, sonhos. É o tipo do livro que nos prende do começo ao fim. Parece uma conversa ao pé do ouvido. Emociona, cativa e nos mostra que o extraordinário está ao alcance de todos.
O livro fala da façanha de Amyr Klink – navegador brasileiro – que, num barquinho a remo, atravessou o Atlântico, isto é, foi da Namíbia, África, até Salvador, litoral baiano.
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Confesso que não conhecia as viagens de Amyr Klink, talvez pela humildade com que ele lida com seus feitos. E esse fato fica bastante claro durante a leitura do livro. É uma pessoa extraordinária que nasceu com DNA de explorador. Quem já se atreveu a ler sobre Amundsen, Scott e Shackleton vai perceber que se trata de uma pessoa com a mesma fibra. Definitivamente é um explorador nato.
No livro Cem Dias Entre Céu e Mar ele narra toda sua história durante os cem dias de travessia, que vai desde o encontro com baleias, tubarões, tempestades, problemas diversos. E mais do que isso, Amyr Klink detalha toda sua intenção – o que faz a gente enxergar que não é apenas uma simples viagem de aventura, mas algo que realmente faz parte da vida dele.
Me chamou a atenção a maneira que ele, Amyr Klink, lidava com o seu projeto de uma maneira geral. Embora seja uma audácia cruzar um oceano num barco a remo, Amyr narra com naturalidade, cautela e enfatiza toda a sua preparação. É um livro sem clichês, sem Ego e sem a baboseira de querer apresentar uma busca interior.

No decorrer do livro ele esmiuça todos seus planos para a travessia do Atlântico, também deixa claro seu amplo conhecimento de navegação que, sem GPS, fazia suas coordenadas através de bússola, cartas náuticas e orientação pelas estrelas.
“Que diabo vim fazer aqui, neste lugar maluco? Me perguntava em voz alta. E, remando em silêncio, respondia: Tentar sair daqui. De fato, nada colaborava para que eu achasse normal a paisagem a minha volta. Ondas completamente descontroladas, águas escuras, tempo encoberto, um barulho ensurdecedor. Por onde andariam as tranqüilas águas azuis do Atlântico de que tanto ouvira falar? Sem dúvida, longe da África.”
Amyr Klink
A complexidade do barco a remo não condizia com o seu tamanho. O pequeno barquinho foi inteiramente estudado e projetado por Amyr Klink. E, para sua saga no oceano, existia todo um protocolo: comunicação através de rádio em dias definidos, horários para remar, dieta para seguir à risca. Além de outras obrigações que surgiram ao longo da viagem.

Cem Dias Entre Céu e Mar é uma obra-prima. Amyr Klink nos mostra que tudo é possível desde que seja feito com planejamento e conhecimento. Sua narrativa é tão envolvente que fica difícil saber se ele é melhor navegador ou escritor.

Cem Dias Entre Céu e Mar
Estilo: Literatura de viagem / aventura
Autor: Amyr Klink
Ano de lançamento: 1985
Páginas: 220
Editora: Companhia Das Letras
Onde comprar?

[…] Fiz um post só falando deste livro: Cem Dias Entre Céu e Mar […]
Seu site é maravilhoso. Este final de semana conseguirei desfrutá-lo. Obrigado pelo conhecimento compartilhado.
Obrigado você, um abraço!
[…] Deixar de colocar Amyr Klink nesta lista seria pura injustiça. Foi um dos primeiros livros de viagem que li. E me surpreendi. O livro é um relato de Amyr Klink, de sua travessia do oceano Atlântico a bordo da ‘lâmpada flutuante’ (o apelido que ele deu a seu minúsculo barco à remo), é bem mais o registro de uma façanha esportiva. Falei sobre nele neste post. […]
[…] Volto para o carro e dirijo. O destino é apenas um: Skeleton Coast Park. Um lugar que fica à margem do oceano, exatamente à frente do horizonte das praias paulistas, mas do outro lado do Atlântico. Uma distância de 6 mil quilômetros do Brasil, cujo trajeto foi feito por Amyr Klink numa travessia solitária a remo, minuciosamente narrada no livro “Cem dias entre céu e mar” (1995). […]