Cuba

Cuba, uma viagem cultural – As verdades e lendas

Para quem se interessa pelos aspectos culturais, Cuba é uma fantástica viagem cultural.

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Carro antigo parado na Plaza de La Revolucion – ao fundo, tributo a Camilo Cienfuegos

Compartilho a minha percepção acerca de temas que são verdadeiras lendas em torno de Cuba. Ressalto, porém, que ouso fazê-lo com base apenas nas poucas coisas que li, ouvi e vi.

E AÍ: VERDADE OU LENDA?

O cubano é um povo alegre como o brasileiro?

VERDADE

Apesar das agruras, o povo cubano assemelha-se muito ao brasileiro. Normalmente está rindo, ainda que a vida não esteja aquela maravilha.

Todo o cubano tem curso superior e é muito culto?

LENDA

As pessoas com quem convivi, como taxistas, por exemplo, não possuíam curso universitário ou mesmo um alto nível cultural como tanto se divulga.

Mas o que com certeza você irá encontrar são pessoas com formação acadêmica executando trabalhos que não exigem maior qualificação, como porteiros e até as lendárias prostitutas com curso universitário.

Todos os cubanos vivem do mesmo modo no socialismo cubano? 

LENDA

Explicaram-me que dois anos após a Revolução foi editada uma lei que passava a propriedade da casa em que a pessoa vivia para ela. Ou seja, se você vivia de aluguel, naquele momento a residência passou a ser sua. Logo, os privilegiados continuaram a residir em lugares melhores.

Por outro lado, se você deseja mudar de cidade o governo “arranja” algum lugar para você ficar, daí tantas pessoas residirem em lugares decrépitos.

Hoje é possível aos cubanos receber dinheiro ou doações de parentes no exterior. Então, novamente aqui, alguns terão acesso a bens inacessíveis a outros.

Todos os cubanos têm acesso a todos os bens “básicos”? 

LENDA

Os cubanos têm direito à aquisição dos itens que estão listados na famosa “libreta”, que nada mais é do que um livrinho no qual é feito o controle de cota mensal de produtos a que todos têm direito pelo preço subsidiado, e deve ser comprado obrigatoriamente no armazém a que está vinculado. Mas essa cota não é lá aquelas coisas e para complementar a cesta ou extras, pode comprar onde quiser, pagando preços de mercado.

Mas daí também temos o problema com os baixos salários e a falta de bens de consumo para venda, inclusive alimentares básicos, como mel, achocolatado e manteiga.

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Rua da cidade colonial de Trinidad (localizada a 2 horas de Havana)

Preciso ressaltar que acredito que a maioria do que hoje é lenda não surgiu de conspiração, idéias plantadas, etc. Se você buscar ler um pouco mais sobre a história de Cuba vai perceber que ela já esteve em condições econômicas melhores, mas a derrocada foi causada principalmente pelas várias restrições impostas pelo embargo americano e também pelo fim da antiga União Soviética em 1991, que por anos apoiou Cuba economicamente.

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Estátua e Museu Che Guevara (localizado na cidade de Santa Clara)

Desde então, o país vem passando por aperto cada vez maior que, naturalmente, refletiu perniciosamente em praticamente todas as áreas, até no que Cuba era destaque, como nos esportes e na medicina. A situação somente se aliviou um pouco com o turismo, que vem se expandindo aos poucos (de acordo com o que as concessões feitas pelo próprio Estado cubano).

Mesmo assim, presenciei uma família de cubanos, com crianças pequenas, mexendo no lixo no que parecia ser comida. São cenas que vemos no Brasil, mas mostra que a realidade cubana também não tão cor-de-rosa quanto se fala por aí.

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Muro pintado no centro da cidade de Havana

Se você quiser ler mais sobre isso, recomendo o livro do brasileiro Fernando Morais, chamado “A Ilha: um repórter brasileiro no país de Fidel Castro”, especialmente o prefácio da 30ª edição denominado “Cuba revisitada, um quarto de século depois”. Nele o autor apresenta um panorama das diferenças entre a visita realizada ao país para a elaboração da 1ª edição do livro, feita em 1976, e essa última realizada em 2001, para, nas palavras do autor “rever Cuba com os olhos voltados para as mudanças ocorridas no país nesse quarto de século que me separa da primeira viagem”.

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Prédios habitados do Centro de Havana – hoje são verdadeiros cortiços

Evidentemente que, desde lá, muito coisa já mudou e ao passear por Cuba é visível que continua mudando. Essa reportagem apresenta alguns temas sobre as mudanças que o país vem sofrendo e retrata exatamente a impressão que tive ao visitar a ilha: muita corrupção, sinais da globalização, pobreza, etc.

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Malecón da cidade de Havana (trecho próximo ao Hotel Nacional)

No caminho para o aeroporto José Marti, voltando para o Brasil, vi um outdoor que dizia algo como: “ESTAMOS MUDANDO PARA MAIS SOCIALISMO”. É uma pena, mas não pude tirar foto e esqueci de anotar o texto exato na hora, mas é definitivamente um marco: o próprio Governo admite a existência de mudanças, mas para onde caminhará Cuba? Só nos resta aguardar os próximos capítulos.

 

Saiba além da história e mais sobre Havana, a capital de Cuba. Veja o índice completo

Rafael Kosoniscs

Sou jornalista e publicitário, tenho 36 anos e viajo de mochila nas costas há 12 invernos. Tenho a mochilagem e o montanhismo como paixões. Vou publicar meu primeiro livro este ano – e você já está convidado(a) para o lançamento. Fique de olhos nas redes para não perder, ok? Siga: @seumochilao | @rafaelkosoniscs

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