Crônica

De mochila e cuia para uma nova cidade

Faz poucos dias, decidi viver em outra cidade daqui de São Paulo. Estou prestes a trocar Osasco, que é toda estruturada e acessível, por uma um pouco mais isolada e não tão acessível, o município de Cotia. Estou deixando uma casa que vivi por 22 anos para viver num apartamento. Pequeno, seminovo, simples.

Não sei exatamente o que me leva a este novo lugar, mas como escrevi nos posts anteriores, este ano chacoalhou todas as estruturas – e muitas delas se quebraram. Tive alguns estalos, dores de vida e anseios que nunca senti. Por essa razão tive que atender algumas necessidades que brotaram em meu íntimo, uma delas foi de mudar de local, de cidade e de estilo de vida.

A ideia nunca foi morar em apartamento. Na verdade, estava pesquisando terrenos no interior de São Paulo para construir a casa dos meus sonhos: uma construção estilo celeiro, sem divisórias, sustentável. Sem falar na horta e nos projetos permaculturais que gostaria de implantar. Mas não rolou. O motivo é que ainda preciso estar bem próximo à cidade para cumprir alguns propósitos, os quais foram agigantados durante a pandemia. O sonho foi adiado.

O negócio do apartamento foi daqueles de oportunidade: ou fechava, ou provavelmente permaneceria mais algum tempo sonhando acordado. Fechei.

Nessas grandes reviravoltas da vida, é preciso focar e agir com cautela, porque um grande passo não pode ser dado em falso. A mudança gera um frio na barriga e um sentimento de luto, mas me aproxima das coisas reais, de mim, de Deus. É difícil de explicar, mas bem fácil de sentir, ainda que seja clichê e piegas escrever sobre isso.

A felicidade existe, ainda que seja um pouco contida. É gostoso adquirir o próprio espaço, mesmo acompanhado de 360 boletos. Chorei de medo e de contentamento, chorei também ao lembrar que muitos vivem uma vida toda e não conseguem um teto para morar. Este mundo, de fato, é muito cruel e injusto.

O que me conforta é saber – ou melhor, ter-me dado conta, só agora durante este texto – que histórias e memórias podem ser transportadas. Não em caixas de papelão empilhadas num caminhão de mudança. Dei-me conta que histórias e recordações não são gigantescas árvores, eternamente enraizadas num único terreno. Talvez, elas até podem fazer mais sentido num local do que em outro, mas não são palpáveis, muito menos físicas. São etéreas. E por isso mesmo que podem ser levadas para onde for. E vou levar todas comigo. Porque ele – meu coração – é a verdadeira morada das minhas histórias e memórias.

Rafael Kosoniscs

Sou jornalista e publicitário, tenho 36 anos e viajo de mochila nas costas há 12 invernos. Tenho a mochilagem e o montanhismo como paixões. Vou publicar meu primeiro livro este ano – e você já está convidado(a) para o lançamento. Fique de olhos nas redes para não perder, ok? Siga: @seumochilao | @rafaelkosoniscs

3 Comentários

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  • I’ve not been here for quite some time, and this morning I came here follow my instinct. Congratulations on your new space and a new start. God bless you, my friend.

  • Boa sorte nessa nova jornada, Rafa. Vai ser um momento muito especial e tô muito feliz por você. O outro sonho, adiado, há de chegar loguinho, no tempo certo.

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