Downhill na Estrada da Morte em La Paz

Pois bem. Sem dúvidas o que mais mexeu com meu imaginário antes de ir para a Bolívia foi a famosa estrada da morte. Quanto mais eu pesquisava artigos, notícias e fotos do local, mais curioso e ansioso eu ficava para conhecer a tal Death Road.
Após pagar US$ 75 pela agência de viagens “Barracuda” – que tem uma loja para atendimento dentro do Loki Hostel em La Paz – embarcamos em uma pequena Besta e fomos em direção a El Alto, cidade bem próxima à La Paz, onde começa a Estrada da Morte.

Quando desembarcamos da van por volta das 8:30h, fazia frio e estávamos rodeados de outros turistas de outras agencias e claro, rodeados também por uma vista hipnotizante das montanhas nevadas. Pela companhia Barracuda tivemos direito a excelentes bicicletas de downhill em perfeito estado, roupas especiais, capacete e luvas.
Após terminar de vestir os equipamentos fomos instruídos pelos guias que frisavam o tempo todo: “A Estrada é segura e muito divertida. Só não sejam estúpidos, pois uma brincadeira ou competição boba pode resultar numa queda de 900m de altura.”

Quando terminamos de ouvir as recomendações o passeio finalmente começou. Um guia foi na frente guiando enquanto o outro ficava por ultimo no grupo pouco a frente da Besta que também desce a estrada. A primeira parte é sempre ligeiramente decepcionante, pois trata-se de uma rodovia absolutamente comum ( asfaltada, sinalizada, com tráfego de carros e caminhões ). É uma parte realmente muito rápida e a maioria das pessoas corre muito porque o asfalto está em perfeito estado de conservação, mas essa parte dura muito pouco, apenas uns 10 minutos que é quando chegamos num pequeno túnel e começa uma estrada de cascalho. Vale lembrar que mesmo nessa parte inicial o visual é deslumbrante!!!
Descemos também por pouco tempo nessa estreita estrada de cascalho e os guias pede que voltemos para a van para cruzarmos um posto de fiscalização policial. Após cruzarmos esse posto, descemos novamente e aí começa a verdadeira Estrada da Morte.

Quando começa a estrada de verdade confirmamos tudo aquilo que vimos nas pesquisas na internet, nos vídeos, nas fotos… A estrada é de terra e cascalho, em alguns pontos não tem nem 3m de largura e do lado esquerdo precipícios de até 900m de altura! No ponto mais alto da estrada ( cerca de 4000m de altitude ) geralmente chove ou neva. No dia que fiz a descida choveu um pouco, mas nada que atrapalhasse o passeio.
Antes de começar a descida os guias alertam para outra questão que deixa todos ainda mais apreensivos: o trânsito da estrada é de mão inglesa, ou seja, quem desce deve ficar do lado esquerdo – justamente o lado do precipício. Em alguns raros momentos da decida cruzamos com carros ou motos e temos que passar bem pertinho do limite da via. A adrenalina da descida é indescritível!

A paisagem é incrível, a adrenalina na descida vai a 1000. Em alguns momentos cruzamos quedas d’água que caem no meio da estrada, correm por ela e continuam caindo até onde a perdemos de vista.
Tem pontos realmente um pouco difíceis e os guias sempre avisam onde tem mais curvas ou o onde o terreno é pior para que todos tomem cuidado. Já houveram vitimas fatais nesse passeio, mas o que é comum mesmo é ver algumas pequenas quedas de pessoas menos preparadas ou atentas.
Em resumo, a descida dura 4h em média. Temos pausas para fotos, lanche e para explicações dos guias sobre determinados pontos. A descida começa a 4.000m de altitude e termina em 1.100m percorrendo um caminho de 65km de estrada.

A chegada mostra o contraste que a diferença de altitude proporciona: é muito mais fácil de respirar e, no inicio a sensação térmica de 6° muda para um clima tropical úmido. A chegada é numa verdadeira reserva de floresta tropical onde almoçamos e depois temos a tarde livre para nadar no rio. É bom lembrar que nem todas as companhias proporcionam acesso a reserva florestal no fim do passeio.
A volta a La Paz é feita por outra estrada, essa mais segura e movimentada. Por volta das 19h chegamos no hostel cansados e com a plena certeza de que aquela não foi a ultima vez que fiz aquele passeio. Vou lembrar desse dia pelo resto da vida e foi, sem dúvida, o que mais me marcou nesse mochilão.
Quem não tem experiência com bikes e não sabe andar direito fique tranquilo. Se descer devagar e com calma não tem motivos para dar nada errado. Recomendo muito esse passeio e muito em breve vou repetir a dose!
A última dica: fiquem bem atentos a companhia que escolherem para fazer o passeio! Nem todas têm roupas especiais, acesso a reserva florestal e pior: algumas não tem bicicletas especiais para downhill! Recomendo MUITO a agência “Barracuda” que, além de tudo dão uma camisa e um CD com fotos e vídeos tirados pelos guias durante todo o percurso.

Convidado: 

Rafael Ferreira – Belo Horizonte – MG

E-mail: rafaelparmalat288@gmail.com

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