Travessia Saco das Bananas: um trekking de Ubatuba a Caraguá

A Travessia do Saco das Bananas é uma grande opção de trekking em Ubatuba. A caminhada é cercada de vegetação e recheada de praias. O percurso é pouco conhecido, cuja extensão é de aproximadamente 20 km, sendo feita geralmente em dois dias. Inicia-se na Praia de Maranduba, em Ubatuba, e termina em Tabatinga, Caraguatatuba.

O início do trekking acontece em chão de asfalto, depois passa a ser em estrada de terra. Só após uma hora e meia de andança é que a trilha começa pra valer em meio à Mata Atlântica. A partir disso, a caminhada passa a ser pura contemplação.

Continue lendo, mas talvez você queira conhecer outras travessias, como a da Serra Fina, Petrópolis x Teresópolis, Extrema x Joanópolis e a Travessia da Maior Praia do Mundo.

As atrações da travessia

Há muitas atrações na Travessia do Saco das Bananas. Algumas delas:

• Praia do Pulso
• Praia da Caçandoca
• Caçandoquinha
• Praia da Raposa
• Praia Saco das Bananas
• Praia do Frade ou Simão
• Praia da Lagoa
• Praia Mansa
• Praia Ponta da Aguda
• Praia da Figueira
• Praia das Galhetas
• Tabatinga

Travessia Saco das Bananas

A travessia do Saco das Bananas é menos complexa que as tradicionais travessias. Um dos motivos é que a logística facilita bastante. Para ser didático, separei os principais itens em tópicos para facilitar a leitura. O relato, como é de costume ter em meus posts, deixo apenas no final para quem se interessar. No mais, as principais informações da Travessia do Saco das Bananas estão abaixo.

Extensão do trekking

O percurso é aproximadamente 20 km (Início após a Praia de Maranduba, Ubatuba – Término em Tabatinga, Caraguatatuba).

A melhor época

Todas as épocas, exceto em épocas de chuva.

Taxa de acesso

É uma travessia gratuita, sem taxa de acesso.

Estrutura e estacionamento

Para quem pretende ir de carro, aconselho deixar em algum estacionamento em Tabatinga (fim do trekkking) e pegar um ônibus até o início do trekking, no início da Praia de Maranduba (sentido Ubatuba).

A quem se destina

Todos possuem condições de fazer esse trekking, já que seu nível é fácil/moderado. Sedentários e não praticantes da atividade podem sofrer com o longo percurso.

Obs: Não tente fazer o trekking se não tiver conhecimento da região, sem vivência de trekkking ou sem o tracklog da trilha.

Quantos dias

Dois dias e uma noite é um tempo perfeito para fazer a travessia e aproveitar um pouco do ambiente.

O que levar

• Mochilão (mochila cargueira);
• Isolante térmico;
• Saco de dormir;
• Barraca;
• Roupa de caminhada;
• Tênis/Bota de trekking;
• Cantil/Camelbak;
• Repelente (Exposis);
• Protetor solar;
• Alimentação para 2 dias;
• Fogareiro;
• Saco de lixo;
• Gps (opcional);
• Kit de primeiros socorros;
• Máquina fotográfica.

Escola abandonada

Dificuldade da Travessia Saco das Bananas

Considero um trekking moderado. O primeiro dia é o mais cansativo. Já no segundo, somente a primeira hora de caminhada é de grande exigência. Há água em abundância durante o trekking.

Por agência ou independente?

Caso o viajante tenha experiência em trilhas, não há necessidade de contratar guia. Entretanto, se houver receio, a dica é ir por agência. Recomendo a Mantra Adventure.

Itinerário e valor

São Paulo – Ubatuba: R$ 79,90

Caribe Hostel (Ubatuba) – R$ 45,00

Caraguatatuba – São Paulo: R$ 64,00

Custo Total (transporte e hostel na primeira noite): R$ 188,90

Seja um viajante consciente

• Consuma refeições locais e contribua com a economia da região;
• Não faça fogueiras;
• Jogue lixo nas áreas determinadas;
• Respeite os costumes e tradições caiçaras.

O que você precisa saber sobre a Travessia do Saco das Bananas

• Não paga nada para fazer a travesia;
• Celular não funciona;
• A trilha é sinalizada e autoguiada; 
• Necessário levar água e comida;
• Para se chegar de trilha demora aproximadamente 4/5h (ida) – 3h (volta);
• Aproximadamente 20 km de caminhada (ida + volta);
• Recomendável o uso de botas ou tênis;
• Levar protetor solar;
• Repelente (exposis) é fundamental;

Tracklog da Travessia Saco das Bananas

O tracklog da Travessia Saco das Bananas está disponível no Wikiloc.

Um singelo trekking solitário

Este não foi um trekking de superação, foi apenas uma travessia para respirar novos ares. Atualmente, procuro tranquilidade, prazer e vivência autêntica. É sobre essa paz que quero escrever aqui neste post.

Decidi fazer a travessia do Saco das Bananas praticamente de um dia para o outro. A minha intenção era fazer o Pico do Corcovado, mas devido ao excesso de burocracia decidi abortar a ideia. O que eu tinha mesmo era a necessidade de entrar em um ônibus, sair de São Paulo e cair numa trilha. Precisava disso com urgência.

Além de sentir necessidade de fazer trilhas, também sentia carência da solidão, de ficar comigo e sem precisar conversar. Sou do tipo de pessoa que sabe lidar com a ausência de pessoas e que não dispensa uma boa janela de ônibus. Gosto de estar por conta própria, por isso sempre curti fazer coisas sozinho, mas nos últimos anos perdi um pouco disso, me afastei de algumas atividades que julgo essenciais para mim, a exemplo de ficar por conta própria.

Quando foi a última vez que você fez algo incrível sem nenhuma companhia? A verdade é que sair acompanhado é muito bom. É garantia de ter com quem conversar, falar da vida, vomitar bobeiras, rir de asneiras, discutir sobre séries, filmes, falar bobagens… é comum. É mais fácil! Nada de errado quanto a isso. Mas experimente a delicia da própria companhia para ver como é bom! Chega uma hora que é necessário conversar consigo e colocar pra fora aqueles pensamentos que sempre varremos para debaixo do tapete. E também de relembrar das coisas boas que estão guardadas na última gaveta da memória, e que só o silêncio trabalhado é capaz de resgatar. Dar um tempo é necessário. Respirar. Pausar. Pensar. Pegar um ônibus, um avião, uma lambreta, não importa o quê. E nem pra onde. Às vezes temos que fugir para ouvir o que o nosso pensamento tem a dizer – e ele tem muito a nos falar. E essa conversa pra dentro só acontece sem barulho e interferência. Sem conversa fiada, muito menos em prosa de botequim. Optar pela própria cia é nos amar. É pensar em quem a gente ama de verdade. E também nos colocar como prioridade, porque somos, sim, a nossa maior prioridade. Somente sozinho e no silêncio dos nossos pensamentos é que conseguimos praticar o autodiálogo e enxergar aquilo que o piloto automático da vida nos impede de olhar com clareza. Silenciar é meditar. Se perdoar. Se refazer.
Viva a vida!

Trecho escrito durante a Travessia do Saco das Bananas

O trekking do Saco das Bananas foi o destino que escolhi. Entre as mais de dez praias existentes na caminhada, decidi apenas mergulhar em mim, nas minhas ideias, na minha vida. A trilha, que é de nível moderado, permite que a cabeça trabalhe enquanto as pernas se encarregam de caminhar.

O caminho da ida é recheado de subidas, as quais pedem descanso, mas o trajeto todo é inspirador. A vegetação chama a atenção, mas os mirantes são os grandes protagonistas da travessia. Raros trechos dão passagem para uma vista privilegiada, o que faz da andança ser bem interessante, uma vez que intercalada as diversas atrações do trekking.

A travessia é de fácil navegação, pode-se dizer que o trajeto é praticamente autoguiado, existem raríssimos trechos que exigem atenção, mas asseguro que é um trekking perfeito para fazer com calma, até mesmo desacompanhado.

Já fiz algumas caminhadas sozinho. Aqui no Brasil existe o discurso batido de que não se deve fazer atividades ao ar livre desacompanhado, mas a verdade que ir pra trilha sozinho é menos perigoso do que sair pra trabalhar na muvuca da cidade. O perigo está no despreparo. Ou seja, se você sabe para onde vai, tem equipamentos adequados, possui quilômetros rodados na atividade, qual o problema de se deliciar da própria companhia? Nenhum. Te garanto!

Pra mim, caminhar sozinho é uma coisa tão natural que me surpreende cada vez que as pessoas ficam chocadas com a ideia. Tenho certeza de que as pessoas internalizaram a noção de que só somos normais apenas em vivência coletiva. Mas o que tenho percebido mesmo é que pessoas simplesmente não conseguem se imaginar sozinhos ou sozinhas. Para ser honesto, não posso imaginar como eles podem estar com outra pessoa o tempo todo. Eu desejo solidão, paz e serenidade. E acho que está tudo bem ser assim.

Como um introvertido que sabe bem lidar com pessoas, porque de fato sou assim, as poucas vezes que me sinto verdadeiramente relaxado e em paz é quando estou numa trilha. E há tempos eu descobri que caminhar desacompanhado é um dos meus maiores prazeres: é o momento que penso pra valer, relaxo, analiso situações, penso na minha vida, resolvo problemas do meu trabalho. Tudo andando.

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A Travessia do Saco das Bananas foi meu amplificador de consciência. Foi o lugar que escolhi para ter uma genuína paz de espírito, porque às vezes sinto a necessidade de estar longe de pessoas, sem ouvir nenhuma voz, sem ficar atento às notificações do celular, muito menos de olho nas investidas do Instagram. A rotina cansa. A liquidez do mundo atual também atormenta. Desintoxicar é necessário.

Passei a noite na Praia do Simão. Lugar vazio. Encontrei somente dois surfistas, os quais foram embora horas antes do pôr do sol. Por duas vezes andei por toda a orla para me certificar que estava sozinho naquele lugar. E, até uma hora antes da noite cair, já tinha a certeza que ninguém mais apareceria. A sensação que tive foi indescritível, porque mesmo já tendo acampando diversas vezes sozinho, a sensação de estar por conta própria é sempre maravilhosa.

Tratei de tomar banho na bica antes da noite cair, dessa forma tive tempo de preparar tudo para o grande jantar: arroz, feijão e linguiça. A sobremesa servida foi um pote de doce de leite. Ainda tive tempo de apreciar a chegada na escuridão. Estiquei a rede no chão, no meio da praia. Deitei. Adormeci por um momento, talvez alguns minutos, uma hora. Pouco importa. Acordei. Me sentei.

Passei um tempo olhando as estrelas, foi quando tive a ideia de meditar, porque comecei a praticar meditação há alguns meses e ainda vivo na onda das descobertas dessa prática. Fui até a minha barraca e peguei meu celular para colocar o mantra indiano Oṃ maṇi padme hūṃ para tocar. Relaxei e expandi. Nunca pensei que meditar ouvindo o som das ondas permitisse uma elevação tão rápida. Me surpreendi. Coloquei o mantra em looping, não sei ao certo quantas vezes ele entrou em cena, mas sei que o auge do meu trekking estava acontecendo naquele momento.

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Às 20h45 já me sentia completo. Fui para a minha barraca, deitei e dormi. Dormi muito bem.

Acordei às 7h15. Rapidamente arrumei minhas coisas e tomei meu café da manhã. Sai para andar. Penei bastante na primeira hora de caminhada, mas depois a trilha foi pura tranquilidade. No fim da trilha encontrei um dos mirantes mais bonitos da travessia, foi a certeza de que eu havia feito a melhor escolha: saído de São Paulo para passar um fim de semana inteirinho só comigo. Que benção!