Passamos meses planejando uma viagem de férias. Pesquisamos, juntamos dinheiro e partimos para o tão sonhado destino. Às vezes, a escolha do lugar significa a realização de um sonho. Porém, muitas viagens acontecem pela oportunidade, uma vez que muitas pessoas escolhem as merecidas férias de acordo com as promoções de passagens aéreas, em vez do desejo genuíno em conhecer algum lugar específico. Até aí tudo bem, cada um viaja para onde bem entender.
Mas é sabido que quando escolhemos um destino pelo preço, matamos o lado do desejo verdadeiro e da experiência que sempre sonhamos. O resultado? Viagens não tão autênticas e experiências não tão incríveis, que muitas vezes só servirão para rechear os stories do Instragram.
Talvez eu esteja sendo demasiadamente duro e radical, mas é o que enxergo. Digo isso por análise e por (quase) experiência própria. Passei bons meses sem viajar devido a compromissos e projetos pessoais, os quais me exigiram ao limite. Agora, com uma agenda um pouco mais flexível, resolvi escolher meu próximo destino. Fui seduzido a ir para lugares que nunca pensei, mas que me chamaram a atenção pelo preço, simplesmente pela oportunidade “imperdível”. Vi promoções incríveis para Dubai, Londres, Paris e até mesmo destinos múltiplos por preços extremamente convidativos. Por impulso, quase escolhi um desses lugares, mas parei para refletir exatamente sobre essa questão e me fiz as seguintes perguntas: “Até quando vale a pena pagar mais barato numa viagem?”, “vale sabotar um destino que sempre quis conhecer por uma oferta ‘irrecusável’?”. Não demorei muito tempo para decidir que não valia a pena, mas fiquei imaginando quantas pessoas não caíam (e caem) nessas armadilhas.
Estamos vivendo num mundo tão globalizado, digital e imediatista que todas as esferas do cotidiano sofreram alterações. No mundo das viagens não foi diferente. A liquidez que assola nossa sociedade percorre diversos caminhos, inclusive está presente até mesmo na escolha dos nossos destinos de viagem.
Podem até contestar o meu ponto de vista, mas dizer que pautar uma trip de acordo com o preço e com prazos prefixados é algo inquestionável, não dá. É uma viagem frágil, sem alma, sem personalidade e, de certa maneira, influenciado por uma empresa. E o pior: geralmente são ofertas de poucos dias, com itinerário em diversas cidades, fazendo da experiência uma verdade gincana de fincar bandeiras.
Viagem é conexão. É se apaixonar previamente pelo destino, é sentir o frio na barriga que só lugares que sonhamos conhecer conseguem proporcionar.
Varejão de destinos são ótimos, desde que tenham a ver com a nossa vontade real de conhecer os lugares ofertados, porque se assim não for, estaremos trocando sonhos fantásticos por vivências aleatórias, viagens líquidas – mesmo que legais –, cuja economia obtida será irrisória comparada aos desejos de viagens verdadeiros.
Sensacional o texto! Eu tô sempre de olho nas promos, mas sempre tenho meia dúzia de destinos que estou pensando mais seriamente e aí é só questão de trocar a ordem/priorizar um ao invés do outro.
Valeu, Fê. Foi só divagação que aconteceu nessa madrugada. Beijo!!
Eu concordo em termos, Rafa. Concordo principalmente com a última parte. Nossa viagem pra Namíbia acabou sendo assim. Sempre quis ir pra África, mas nunca tinha considerado a Namíbia. Comprei no impulso e sem saber absolutamente nada sobre o país. Acabou que foi uma das viagens mais incríveis da minha vida.
Acho válido ter as prioridades, mas não acho tóxico se abrir para o novo, para o impensado. Tem um toque de aventura nisso. É claro que depende do destino, da situação, do contexto, mas nem sempre é uma viagem frágil, sem alma, sem personalidade.
Mas valeu a reflexão. 😉
Entendi seu ponto de vista. Para mim, a Namíbia foi zero engessada. Como disse, cada caso é um caso.
Abraços!