Sempre gostei de passar perrengue de viagem. Tenho apreço pelo inesperado e sou o tipo de viajante que não planeja todos os passos. Sempre foi assim em minhas viagens.
Viajar de mochilão mudou a minha vida. E fez isso de tantas formas que não saberia como começar a explicar. Já faz mais de quatorze anos que coloco a mochila nas costas para conhecer lugares que sempre sonhei. E, depois de conhecer mais de 15 países – e agora com 36 anos de idade –, não planejo me aposentar deste estilo alternativo de viajar. A verdade é que a mochilagem representa a minha personalidade, reflete quem sou de verdade: desapegado a confortos, minimalista e de coração livre. Eu sou assim.
Fala-se muito sobre viajar para sair da zona de conforto. Além de ser um tremendo clichê, nunca concordei com isso por diversos motivos. Um dele é que sair de férias ou se dar ao luxo de tirar dias de descanso já é um grande privilégio, nada desconfortável. Outro ponto é que escolher passar alguns desconfortos de viagem não faz sair da zona de conforto da vida. São coisas bem diferentes.
Penso também que sair da comfort zone é fazer algo difícil, dolorido e que causará uma transformação necessária. Frequentemente, as coisas que nos tiram do piloto automático da vida não são nada alegres e prazerosas. Alguns deles são realmente ruins.
Viagens de transformação e intercâmbios talvez sejam as poucas exceções de viagens para sair da falada zona de conforto, mas dizer que qualquer viagem de mochilão ou aventura em meio à natureza é um desafio da alma, é exagero. Não passa de um discurso batido.
Sair da zona de conforto é encarar o medo real da vida, como uma mudança de carreira, perda de emprego, mudanças inesperadas do cotidiano. Curtir a vida com a mochila nas costas pode ser um rito de passagem ou um grande chamado da alma – e isso é uma grande aventura –, mas não é sair da zona de conforto. Definitivamente não é!
Viajar pode ser também sua zona de conforto.
Com certeza! Falou tudo.
Hola ! Rafael ! Muy interesante todo lo que transmites !
Gracias, Miru!